Com uma herança de 32 anos, a Inter Magazine a as Edições do Gosto, estão todos os dias perante a restauração. Perante uma necessidade de reflexão acerca das mudanças pós-covid nasce o projeto Tendências da Restauração, que se quer anual, e resulta da crescente amplitude e captação do movimento dessa atividade económica que é a restauração. A equipa das Edições do Gosto, encabeçada por Paulo Amado e também Bruno Azevedo, especialista na gestão da restauração, delinearam um conjunto de ideias que, na sua opinião, vão marcar o próximo ano de 2022.
São elas:
1. Mundo vegetal 2.0
É a viragem verde. Previsível com o aumento de pratos dedicados ao mundo vegetal, evidente face à aceitação crescente. Mais restaurantes vegetarianos, mais pratos nos menus dos restaurantes que não sejam vegetarianos.
2. Saúde mental das equipas
Os ambientes de trabalho são naturalmente tensos, o que resulta em sobrecargas emocionais e físicas. O trabalho em restauração não se coaduna com o trabalho à distância, mas sim uma atividade que precisa de mais conciliação com a vida pessoal e familiar. Haverá um maior e necessário foco na gestão das renumerações, folgas e horários de trabalho.
3. Tecnologia sem contacto
O período de confinamento forçou os restauradores a apresentar soluções e os clientes a dar mais uso à tecnologia. É hoje possível a reserva de mesa, escolha e pagamento de refeições com pouca intervenção do serviço que caracteriza a hospitalidade.
4. O restaurante é onde quisermos
Fruto das mudanças ocorridas durante a pandemia, assistimos a um cenário que é o de levar o restaurante para sítios menos habituais e inusitados, isto inclui desde novos restaurantes fora das localizações a pedidos de comida onde o cliente finaliza o prato em casa.
5. Gastronomia colaborativa
A anterior organização do trabalho nos restaurantes conferia pouca mobilidade aos chefes de cozinha em se organizarem e colaborarem mutuamente. A oportunidade atual é a partilha de conhecimentos, soluções e práticas bem como colaborando ativamente em eventos que promovem o fortalecimento a gastronomia portuguesa.
6. Small is beautiful
Na era da especialização a dimensão deixou de ser um fator preponderante ao sucesso de um restaurante. O importante é medir o valor que o restaurante aporta através da sua autenticidade e compromisso com a sociedade. A pandemia de Covid-19 veio demonstrar as virtudes dos espaços pequenos, como sendo mais ágeis a responder aos problemas.
7. Encurtar distâncias
Encurtar a distância entre a origem dos alimentos e o restaurante permite ter um discurso gastronómico inclusivo e fornecer ao consumidor a opção de ao realizar o consumo estar também a contribuir para a manutenção das atividades tradicionais e também para a redução da pegada de carbono.
8. Casual, casual, casual
Casual no restaurante, casual no serviço e casual no consumo. A simplificação permite retirar o acessório e ficar apenas com o essencial nestas três dimensões reduzindo alguma tensão entre formalidade e simplicidade.
9. Mais céu aberto
Durante a pandemia de Covid-19 as esplanadas assumiram um protagonismo essencial. No futuro, refeições a céu aberto aparecem cada vez mais nas opções de restauração, passando pelos eventos especiais no exterior das herdades, quintas ou turismo rural.
10. Comida e arte
O restaurante é uma plataforma onde se estabelecem diversos diálogos sociais. A relação entre a comida e a arte é uma das menos exploradas. Com a necessidade de relacionar a arte com a sociedade e colocar as pessoas no centro da arte, o restaurante aparece como o local perfeito para expor e interagir a arte com o público, colocando cozinheiros e a restauração como agentes de interação e divulgação.
11. Cozinha africana
As comidas dos países de África são cativantes e intensas e têm um lugar a tomar na culinária de Portugal. O atual momento cultural e geracional, naturalmente a rimar com restauração que lhe dará corpo, passando a ver-se mais comida africana nas mesas dos restaurantes.