Sem Espinhas é uma rubrica que dá a conhecer primeiro a pessoa, depois o profissional. Guilty pleasures, refeições estranhas e ingredientes improváveis são temas que fazem parte deste questionário. O convidado que se segue chama-se Sean March e é chefe do restaurante ATO, em Faro.
Se não fosses cozinheiro o que terias sido? Talvez arquiteto. Ou algo ligado à natureza, como ecologista, biólogo, por aí.
Qual é aquela receita que nunca te sai bem? Não me lembro de nada que “nunca” acerte… mas tenho inveja dos meus amigos pasteleiros que conseguem fazer pastelaria sem sequer pensar duas vezes, enquanto eu preciso sempre de verificar as receitas.
Que ingredientes improváveis resultam muito bem? Há tantas combinações interessantes por aí…Gosto de salgados misturados com doces. Ameixas secas misturadas com azeitonas são um bom exemplo disso.
Qual foi a refeição mais estranha que já tiveste? Gosto de manter uma mente bastante aberta em relação à comida e por isso não considero nenhuma comida “estranha”. É apenas algo novo, diferente e – esperançosamente – delicioso. Tenho tido a sorte de viajar um pouco e de ter provado várias partes de alguns animais, como cérebros, órgãos, globos oculares, entre outros. Algumas destas descobertas foram deliciosas, outras não pretendo repetir.
A primeira vez que cozinhaste, preparaste o quê? Quando estava a começar a cozinhar profissionalmente tentei preparar Sole Meunière do livro de receitas de Julia Child. Estava a cozinhar para os meus colegas de casa na Universidade e consegui deixar a cozinha cheia de farinha e gordura. Não tinha qualquer referência e eles gostavam de comida de borla, por isso acho que foi um sucesso, mas não sei se hoje me orgulharia tanto do que fiz.
O que comes depois do serviço? Sou um grande fã de sandes ou de qualquer coisa que não me obrigue a cozinhar ou a lavar pratos. Tal como muitos chefes que conheço, não sou grande fã de cozinhar fora do trabalho, especialmente depois de um turno longo.
Qual é o teu maior guilty pleasure? Bola de Berlim recheada com chocolate. A padaria do meu bairro frita-os frescos por volta das 15h, logo a seguir ao almoço. Comer uma Bola quente e diretamente da fritadeira é uma experiência espiritual.
Qual o maior erro que já cometeste numa cozinha? Alguma vez viste uma panela de pressão explodir? Acho que eu e os meus colegas encontrámos pedaços de costela de vaca nos cantos da cozinha durante dias a fio.
A quem confiarias a tua cozinha por um dia? Bem, a ATO é apenas um bebé. Por isso, não há ninguém a quem eu possa confiar o cuidado do meu bebé. Talvez daqui a uns anos, quando crescer um pouco mais.
Qual é o restaurante que gostavas de ter, mas não é teu? Ser dono de um restaurante dá muitíssimo trabalho. Sou proprietário do ATO e adoro-o! Portanto, não me lembro de nenhum sítio que gostasse de ter. Os restaurantes são muito pessoais e são um reflexo das pessoas que lá trabalham e das comunidades em que se inserem. Talvez fosse feliz a grelhar peixe numa praia tropical algures, com os pés na areia e uma agradável brisa do mar no meu rosto. Para já, o Algarve é o mais próximo que tenho disso.
Foto: DR