Pedro Abril, o cozinheiro que teve como último poiso o restaurante Chapitô à Mesa, em Lisboa, é atualmente membro do colectivo New Kids On The Block.
O que te relaxa depois de um serviço mais puxado?
A música, sempre a música. Há uns anos, quando ainda não tinha tantas responsabilidades, adorava ir para uma rave de drum & bass. Acontecia depois de uma sexta ou de um sábado bem puxado de trabalho e ia até de madrugada, sempre na frontline ou encostado ao PA. Ficava com os ouvidos a zumbir três dias…
Hoje em dia, como manténs o equilíbrio entre vida familiar e profissional?
Soa feio dizer mas eu obrigo-me a estar em casa, a dedicar tempo à família, mesmo que por vezes a cabeça esteja no trabalho. Sem a minha família, sem esse contrapeso na balança, ia tudo ao fundo. E sinceramente, o Pedro de hoje em dia, se tiver de escolher entre o trabalho e a família, manda o trabalho à fava na hora.
Felizmente tenho comigo uma pessoa que me apoia muito e que sabe bem o que custa esta indústria. No que depender de mim, onde for eu a mandar, não vou perpetuar este sistema em que só contam os números e as pessoas são colaterais. Eu sei que falar é fácil mas é a única maneira de haver mudança, através de ação e eu sei que as coisas estão a mudar. Sente-se a mudança no ar!
Que conselho darias ao Pedro de há 10 anos?
“Estás a ouvir mas não estás a escutar.”
Sobre o projeto Nós As Pessoas:
Uma das principais causas das Edições do Gosto é apresentar as pessoas da gastronomia, retratando a realidade de um país completo. Foi com esta ideia em mente que em 2018, Paulo Amado, diretor da empresa, começou a viajar pelo país com o objetivo de chegar a todo o espectro do setor – do cozinheiro ao produtor. A primeira pergunta de Paulo era simples e concreta: quem és tu? Perante um desafiante ano de 2020, surgiu a ideia de dar o nome do projeto Nós As Pessoas à última edição do Congresso dos Cozinheiros e materializar a ideia em forma de missão a longo prazo, numa parceria conjunta com a Oficina de Psicologia. www.egosto.pt/nosaspessoas