O desafio é escolher um restaurante e um prato que faça o seu protagonista sentir-se em casa, seja pelo conforto dos sabores, pelas memórias que despertam ou pela autenticidade da cozinha. Na nova edição da rubrica “KM’s de Sabor”, contamos com a escolha de Lucas Azevedo, chefe do Ryoshi, em Lisboa.
Um prato e um restaurante?
“O arroz do restaurante Ikigai Omakase João Vitorino, em Vila do Conde.”
Porquê?
“O arroz é algo que guardo bem na minha memória afetiva, dos tempos em que comia o arroz da minha avó. Anos mais tarde, descobri a complexidade e o respeito da cozinha japonesa pelo arroz, e foi quando estive no Japão pela primeira vez que compreendi esse respeito, manifestado na sua simplicidade. Estes dois aspetos conjugados são o que torna o arroz tão valorizado e amplamente utilizado em vários setores da cozinha japonesa.
Dito isto, a questão não é apenas sobre comida, mas sobre o respeito atribuído ao produto durante a sua confeção. Uma taça de arroz com uma gema de ovo deixa-me imensamente feliz e traz-me à memória as recordações da minha infância e do “tal” arroz com ovo estrelado que a minha avó fazia.
Anos mais tarde, voltei a sentir essa nostalgia na primeira vez que experienciei esse mesmo respeito no Ikigai Omakase João Vitorino. Lá, fui envolvido por um ambiente que só se sente em casa das avós, onde tudo é feito com a mestria de quem sabe o que está a fazer e com a paixão de quem dá tudo o que tem para ver os outros felizes. No fundo, a comida vai muito além de ser apenas comida. É emoção, energia e respeito.
Foto: DR