Alguma vez pensou na possibilidade de preparar no conforto do lar comida de chefe, com ingredientes embalados a vácuo e prontos a serem finalizados?
Dizemos-lhe que existe uma plataforma para isso e que dá pelo nome de Dinee.
Um projeto pensado pelos brasileiros Pedro Horigoshi, com experiência em administração de empresas, economia, marketing e um apaixonado por gastronomia e Luiz Medeiros, fundador do projeto DIY [do it yourself] Burguer Shop e diretor criativo de uma agência de comunicação e ainda Sebastião Castilho, chefe português com mais de duas décadas de trabalho em catering e eventos. Foi com o primeiro que falámos para saber mais sobre este projeto.
Como surgiu a ideia para a Dinee?
Nós já tínhamos observado no exterior alguns negócios de comida DIY que nos inspiraram. Nos EUA e Europa, a Blue Apron e a HelloFresh têm o modelo de meal kit com assinatura de receitas e entrega de ingredientes em casa para preparar. Mas já sabíamos que as margens eram apertadas e muita gente abandonava a assinatura pois o “preparar” era na verdade cozinhar de raiz, o que demora e dá muito trabalho. Outro projeto muito interessante que estudamos foi o GoldBelly, nos Estados Unidos. Eles levam pratos de restaurantes e chefes conceituados para todo território americano, dando acesso às pessoas que não moram na região do restaurante.
Esse foi o maior insight da Dinee: o acesso. Vivíamos no meio de uma pandemia e precisávamos dar acesso a mais gente. E mesmo após a pandemia, que interessante seria expandir o raio de atuação de um restaurante de alguns quilómetros para todo o território nacional, ou até mesmo internacional?
O formato de kits semi prontos não foi uma ideia nossa. Vários chefes usaram (e usam até hoje) esse artifício para garantir a qualidade da comida e a frescura do preparo em casa. Nós só adotamos um modelo que a indústria já tinha validado e sabíamos que funcionaria.
Achas que o futuro passa por esta ideia de ter a experiência gastronómica na ponta dos dedos?
É cada vez mais difícil fazer previsões neste mundo volátil e complexo que vivemos. Mas olhando para os sinais cada vez mais latentes, as pessoas procuram experiências e estão dispostas a pagar mais por experiências do que por produtos. A Dinee quer levar comida de chefe para a casa das pessoas para que elas possam replicar essa experiência de “serem” os chefes naquele momento. Por exemplo, uma coisa que sempre indicamos é o empratamento. É impressionante como as pessoas se divertem a empratar e a tentar deixar o prato com a mesma cara do restaurante. Nós recebemos diversas fotos de clientes orgulhosos com as suas obras de arte.
Como é que a experiência Dinee se pode comparar àquela tida num restaurante?
A experiência Dinee não é em nada parecida ou comparável com a experiência no restaurante. Ela é pensada para ser diferente, complementar. As pessoas vão continuar a ir aos restaurantes e a ter experiências maravilhosas. O que a Dinee se propõe é a criar experiências para aqueles que não querem ou não podem, principalmente, ir a um restaurante naquele momento. Nós propomo-nos a melhorar a experiência de comida em casa, versus alternativas como cozinhar, delivery, take-away de comida pronta, etc.
Quais foram os principais desafios nos processos de preparação e embalamento?
O uso do vácuo foi uma alternativa natural para ajudar a conservação e garantir o sabor. A nossa comida é fresca, preparada na hora da entrega. Mas como o cliente pode querer preparar num outro momento, precisávamos de alternativas que preservassem a qualidade do prato no frigorífico do cliente. Nós pasteurizamos as proteínas de cocção mais longa ou então usamos métodos de conservação, como as gambas do caril que vão em pickle, ou o bacalhau que vai em azeite. Hoje todos os nossos kits duram no mínimo 5 dias no frigorífico do cliente, o que é tempo suficiente para este planear a preparação.
O que diferencia a Dinee de outras plataformas de entrega?
Temos aqui duas coisas: produto e entrega. O nosso produto, como já falado, vai semi pronto, com um guião passo-a-passo para finalizar em casa entre 15/20 minutos. Este é refrigerado e separado em sacos a vácuo que permitem armazenar no frigorífico por até 5 dias após o recebimento. Ou seja, o produto raramente é para consumo imediato, como no delivery convencional.
Dadas as características do produto, a entrega também é planeada. Nós recebemos os pedidos durante a semana e entregamos todas as sextas-feiras pela manhã. Os pedidos são feitos pela nossa plataforma própria de e-commerce e entregamos em todo território nacional, exceto Ilhas. Também estamos na aplicação Volup, em Lisboa e no Porto, com o mesmo modelo de encomendas planeadas para entregar às sextas-feiras.
Outro fator de diferenciação é o nosso atendimento e cuidado com os clientes. Temos um NPS (índice de satisfação) de 97% e temos o cuidado de conversar e explicar como funciona o processo para cada novo cliente que não está acostumado com o modelo.
Com a calma retoma dos restaurantes, por onde passa o futuro deste tipo de plataformas? Vieram para ficar?
Esperamos que sim. Nós construímos a Dinee para dar acesso durante e depois da pandemia. Quando expandimos as entregas para todo território nacional, vimos um boom de vendas e hoje mais de 90% dos pedidos vêm de zonas de fora do raio de visita/entrega dos restaurantes. Por isso reforço que a Dinee não compete com os restaurantes. Nós ampliamos o raio de atuação deles. E é por isso que os chefes e os restaurantes têm interesse em firmar parceria connosco.
Que novidades apresentam para 2022?
Além de novos pratos, chefes e restaurantes, que faz parte de uma dinâmica normal de oferecer novidades, este ano vamos focarmo-nos muito em empresas e eventos. Em 2021 tivemos muitos contactos para organizar workshops, team buildings, congressos virtuais, entre outros. Nós miramos toda a comunicação para o consumidor final, mas sem querer acertámos também nas empresas. Este ano vamos estruturar-nos para comunicar melhor com elas e dar o devido atendimento, que difere em muito do atendimento ao consumidor final. Para o cliente final, vamos montar um modelo de assinatura e recorrência, dado que temos mais de 35% de recompra e alguns clientes fiéis semanalmente.
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