Sem Espinhas: Lorina Gaspar

Sem Espinhas é uma rubrica que dá a conhecer primeiro a pessoa, depois o profissional. Guilty pleasures, refeições estranhas e ingredientes improváveis são temas que fazem parte deste questionário. A convidada que se segue chama-se Lorina Gaspar e é chefe de cozinha do Gastro by Elemento, no Porto.

Se não fosses cozinheira o que terias sido? Definitivamente seria advogada. Ou então teria perdido a cabeça e me alistado no exército. Essas eram as minhas duas escolhas no 12º ano mas entretanto a cozinha entrou à socapa e deixou-me rendida.

Qual é aquela receita que nunca te sai bem? O rolo de chocolate e coco da minha avó materna. Já tentei recriar a receita mas nunca sai como a dela. Nunca tive oportunidade de lhe pedir a receita.

Que ingredientes improváveis resultam muito bem? Aipo, algas, rabano, pepino e maçã. Juntei estes ingredientes no segundo prato vegetariano do Gastro by Elemento e foi marcante pois era daqueles pratos que ou gostavas ou odiavas.

Qual foi a refeição mais estranha que já tiveste? Acho que foi quando me mudei para a Alemanha. Foi a primeira vez que saí de Portugal e me aventurei em conhecer outra gastronomia e cultura. Um português nunca está preparado para este choque cultural gastronómico. A comida alemã foi a que mais estranhei mas a que achei mais curiosa!

A primeira vez que cozinhaste, preparaste o quê? A primeira vez que cozinhei foi para os meus pais e mal sabia eu que nunca mais iria sair da cozinha. Foi um bacalhau com natas. Tinha muita curiosidade em seguir uma receita e ver o resultado. Mas o que me deu mais gosto foi ver a reacção deles na sua primeira garfada. E, até hoje, é o que mais gosto da parte de cozinhar para os outros, é ver a sua reacção depois da primeira garfada.

O que comes depois do serviço? Tento manter uma dieta equilibrada e saudável. Obrigo-me a comer mais vezes durante o dia e a beber muita água. Depois do serviço, como já é tarde, tento não cair em tentações, como o açúcar. Geralmente opto por comer iogurte natural e barras energéticas feitas por mim. Também como fruta, muita fruta. E em último caso: opto por uma tosta mista bem crocante com aquela manteiga noisette por cima. Mas é só em ultimo caso…

Qual é o teu maior guilty pleasure? Os meus guilty pleasure são aos domingos, onde a refeição estende-se até ao final do dia. Dou muito valor a estes momentos de convívio, com comida caseira (um assado, um estufado, uma cabidela ou um cabrito), bons vinhos, queijos, enchidos e um pôr-do-sol. 

Qual o maior erro que já cometeste numa cozinha? Confiar. Sei que parece mal dizer isto, mas acho que já “levei mais na cabeça” por ter confiado algo a alguém do que por um erro meu. Não é que não cometa erros, até porque fazem parte do crescimento, mas quem me conhece sabe que não gosto de errar e, sobretudo, de que me chamem à atenção. Por um lado, é um ponto fraco, porque quem for meu superior vai saber usar isso, mas não deixa de ser um ponto forte, porque o erro não vai ser mais cometido.

A quem confiarias a tua cozinha por um dia? Tenho sorte de ter trabalhado com muitos cozinheiros e cozinheiras, que tal como eu, estão a dar os primeiros passos no mercado gastronómico. É difícil nomear só uma pessoa porque não me posso esquecer da equipa que tenho comigo no Gastro by Elemento. Mas diria que a pessoa com quem mais me deu gozo trabalhar e com quem me identifico, seja no foco ou na exigência, é a Marta Nunes (Boubou’s, Lisboa).

Qual é o restaurante que gostavas de ter mas não é teu? O Velho Eurico, em Lisboa. Sou muito fã do trabalho deles e do que já conquistaram até agora. Vejo-os como um exemplo do que quero para o meu futuro gastronómico. É uma boa casa, com boa comida portuguesa e um serviço descomplicado e afável em que as pessoas se sentem em casa quando lá vão.

Foto: Gastro by Elemento

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