Entrevista Annakaren Fuentes

Texto: Paulo Amado
Foto: Humberto Mouco

AnnaKaren ruma a cozinha do restaurante O Pastus, em Oeiras, para um novo momento. A sua origem mexicana vai tomando lugar, perante um panorama de reconhecimento onde vive a memória e o futuro. Olhando à volta, vê a necessidade de mais reconhecimento à mulher. 

Vinha apresentar a AnnaKaren, queres ajudar-me na tarefa? 

Neste momento em que falamos, estou a reencontrar-me. Eu conheci o Hugo (Dias de Castro, 1989 -2023) aqui (NR: estamos na Escola Hotelaria e Turismo do Estoril, 17 de abril de 2024), tinha eu 16 anos, tinha ele 15. Foi aqui que nos conhecemos, estávamos os dois a estudar cozinha. 

Portanto, parecendo que não, fui muito jovem, que me apaixonei, que eu conheci e comecei a criar a minha identidade com ele. Neste momento, ele já não está comigo, portanto, estou a conhecer-me de novo, porque perdi o meu alicerce, mas continuo viva e continuo com vontade de viver. E, exato, é quase redefinir o meu sonho, redefinir a minha pessoa e traçar o caminho que eu quero seguir. 

Porque, ok, é duro, porque é, mas a força, o feedback que eu tenho recebido, dá-me a energia para continuar e para elevar as coisas para o próximo nível.  

Eu já sentia apoio de algumas pessoas, mas não do público, em geral. E eu, neste momento, sinto esse apoio. 

E como te apresentas, que cozinha é a tua? 

Sou natural do México e desde pequena que me habituei à comida mexicana; recordo-me muito do que comi enquanto criança. Dos sabores e das texturas que são a base da minha memória e representam para mim aconchego e a definição da família, à mesa. Logo, o menu tem uma forte influência mexicana. Cada vez mais procuro fornecedores que me tragam produtos que realmente são os produtos com os quais eu cresci. Como é o caso do tomatillo que tem de ser fresco. 

Tenho influências, claro, da minha avó materna, que era portuguesa, mas a minha cozinha é também, um pouco de asiática, especialmente o produto “menos nobre” mas não gosto de me definir com uma linha só, porque eu gosto mesmo de procurar sabores que criam conexão e também combinações improváveis. O meu pai mora no Bahrein. Esteve em vários sítios. Portanto, o meu menu tem influência desses sabores que eu guardo e que me fazem ir buscar tahini, labneh e sumac, por exemplo. 

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