Sem Espinhas: Beatriz Matias

Sem Espinhas é uma rubrica que dá a conhecer primeiro a pessoa, depois o profissional. Guilty pleasures, refeições estranhas e ingredientes improváveis são temas que fazem parte deste questionário. A convidada que se segue chama-se Beatriz Matias e é chefe de pastelaria do restaurante Mapa, no L’And Vineyards.

Se não fosses pasteleira o que terias sido? Se não fosse pasteleira seria gestora. Anteriormente, licenciei-me em gestão, não sei o que poderia estar a fazer neste momento como gestora pois é uma área muito abrangente e versátil, mas acredito que não seria tão feliz e apaixonada como sou atualmente dentro de uma pastelaria.

Qual é aquela receita que nunca te sai bem? Doce de ovos. Faça eu a mesma receita várias vezes, parece que as texturas são sempre um pouco diferentes umas das outras, então é aquela receita que impõe respeito por ser uma das bases da pastelaria portuguesa e nunca me sair exatamente igual.

Que ingredientes improváveis resultam muito bem? Para uma das sobremesas da carta do restaurante Mapa, experimentei um casamento improvável, ou menos expectável diria eu, entre chocolate, bolota e cogumelo shiitake. Até agora o casamento tem-se mostrado coeso e muito elogiado por quem prova.

Qual foi a refeição mais estranha que já tiveste? Este ano, no Chefs on Fire, um brás de mandioca com menha ndung, gimboa e zabayon de peixe seco com pó de catato, que me despertou a curiosidade para provar pois a maioria dos ingredientes nunca antes tinha experimentado e surpreendeu-me muito pela positiva. Foi a primeira vez que comi lagartas!

A primeira vez que cozinhaste, preparaste o quê? Não me recordo em concreto da primeira vez que cozinhei mas, recuando às memórias mais antigas que tenho a cozinhar, levam-me até casa da minha avó, nas férias grandes do verão, a ajudá-la a fazer uma omelete de salsa e cebola. Hoje percebo que aquele conceito de omelete se aproxima mais de uma panqueca grande salgada que propriamente uma omelete, mas garanto que é deliciosa e única!

O que comes depois do serviço? Não tenho muito o hábito de comer após o serviço mas, se me der um ratito opto por uma peça de fruta ou um pãozinho se a fome for maior.

Qual é o teu maior guilty pleasure? A minha perdição é gelado e em qualquer altura do ano. De momento o meu preferido é o gelado da Magnum double gold caramel billionaire.

Qual o maior erro que já cometeste numa cozinha? Entre muitos erros que já cometi a executar receitas, vou optar por revelar um ‘erro’ engraçado em que me fizeram cair quando comecei o curso de gestão e produção de cozinha. Um chefe meu pediu-me para lavar o sal que sobrara das batatas assadas no forno e, na altura, embora tivesse achado o pedido estranho e que não resultaria em nada, não questionei e fiz tal e qual o que me fora pedido. Óbvio que o sal se dissolveu todo e óbvio que não passara de uma brincadeira do chefe e que a novata caiu que nem um patinho.

A quem confiarias a tua cozinha por um dia? Dificilmente encontramos pessoas que trabalhem da mesma forma que nós, daí a importância de nos adaptarmos uns aos outros. Por experiência própria, acredito que poderia confiar a ‘minha pastelaria’ ao meu namorado cozinheiro, David Pincante, pois ele tal como eu gosta de trabalhar num meio arrumado, organizado e limpo e confiaria nele para me devolver a pastelaria tal como lha entreguei.

Qual é o restaurante que gostavas de ter, mas não é teu? Eu escolheria o restaurante El Celler de Can Roca, por ser onde se encontra um dos Chefes pasteleiros, Jordi Roca, que mais me fascina e me deixa de queixo caído com cada uma das suas criações, que demonstram criatividade, conhecimento e qualidade fora de série. Sabendo que esta situação está muito longe de pertencer à realidade, sonho com um dia ter a oportunidade de conhecer o Chefe Jordi, cuja dedicação e empenho são exemplos para todos aqueles que queiram ter sucesso nesta área.

Foto: Cátia Barbosa

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